sexta-feira, 18 de março de 2011

Brasil, Economia e Governo

Recentemente foi lançado o site Brasil, Economia e Governo, uma iniciativa inédita no País que está sendo lançada pelo Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial.

Com 24 anos de atuação, o Instituto conduz pesquisas, debates públicos e ações sociais que propõem soluções para os problemas institucionais do Brasil e da América Latina. O projeto é resultado de parceria com profissionais da área econômica e financeira, com experiência na docência e na análise de políticas públicas.

O objetivo é explicar questões importantes da economia brasileira, em especial aquelas nas quais o governo tem interferência. O site pretende ser depositário de um crescente conjunto de artigos que respondam a perguntas como: por que os juros são altos no Brasil? O que é preciso fazer para melhorar o ensino fundamental? O que significa ter mais de R$ 200 bilhões em reservas internacionais e o que o país pode fazer com esse dinheiro? Qual a importância de se fazer uma reforma na previdência? Por que é importante controlar a expansão do gasto público? Quais as vantagens e desvantagens do programa Bolsa Família?

O site oferece ainda aos leitores a comodidade da leitura de seus artigos através do RSS e o acompanhamento de notícias pelo twitter em @BR_econGoverno.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Quadruple Witching nos EUA, em 18/03/11

Amanhã (18/03/11) será um dia em que quatro vencimentos ocorrerão de maneira simultânea nas bolsas americanas: contratos futuros de índices acionários, contratos futuros de ações, opções sobre índices e opções sobre ações.

A designação de bruxa (witching) tem como origem a negociação da última hora da sessão, que tradicionalmente é o momento mais volátil do dia.

E volatilidade é o que não está faltando nos mercados em meio à crise nuclear japonesa, as tensões na Libia e as incertezas políticas no oriente médio.

Sem dúvida alguma, amanhã (18/03), as bruxas estarão soltas!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Campanha da Fraternidade 2011: Fraternidade e a Vida no Planeta

Todos os anos, durante o período liturgico da Quaresma (1), a Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realiza a Campanha da Fraternidade (CF), através da qual um aspecto da vida brasileira é discutida.

Este ano o tema é "Fraternidade e a Vida no Planeta" e o lema "A criação geme em dores de parto (Rm 8,22)".

O objetivo geral da CF 2011 é: "Contribuir para a conscientização das comunidades cristãs e pessoas de boa vontade sobre a gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas, e motivá-las a participar dos debates e ações que visam enfrentar o problema e preservar as condições de vida no planeta."






Visite o site da CNBB: http://www.cnbb.org.br/

Para um histórico das CF, visite:
http://www.cnbb.org.br/site/campanhas/fraternidade/2173-historico-das-cfs


(1) A Quaresma é o período liturgico que compreende os 40 dias (excluindo-se os domingos) que vão desde a Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo da Páscoa. A razão de se excluir os domingos deve-se ao fato de que este dia já é dedicado como o dia do Senhor. É um período no qual os católicos fazem um retiro espiritual voltado à reflexão, onde se recolhem em intensa oração, penitência e caridade (consequência da penitência) visando preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Sobre mercados de opções

Este post tem o propósito de organizar o que já escrevi sobre mercados de opções. Contém artigos de minha coluna sobre derivativos na InfoMoney e posts publicados neste blog.

Alguns posts didáticos sobre mercados de opções publicados neste blog:
Posts sobre mercados de opções publicados na InfoMoney:
Outros posts sobre mercados de opções publicados neste blog:

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

I Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia


Caros leitores, é com grande satisfação que faço a divulgação do I Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia. O evento, que está sendo organizado pelos blogueiros Carlos Eduardo Gonçalves, Cláudio Schikida e Cristiano M. Costa, contará com a presença dos blogs mais acessados e populares da internet brasileira.

Clique no banner abaixo e fique sabendo todos os detalhes.

Clique na imagem para ampliar.

O evento será no dia 25 de Março de 2011 na FEA-USP. Se você estiver em São Paulo, faça logo a sua inscrição. O link para a ficha de inscrição é:


Reserve a tarde da sua sexta-feira, dia 25/3 para debater economia com a blogosfera econômica.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Passando a limpo o Blog: de 13/08/2009 até Janeiro de 2011

Este blog teve o início de suas atividades no dia do economista, 13 de agosto,  em 2009. Naquele início os posts eram diários, mas já a partir de outubro daquele ano as postagens foram ficando mais escassas e desde então as atividades do blog não recuperaram o seu ritmo inicial.

Pretendo voltar a escrever os posts com regularidade, a princípio mantendo a sua característica original, tratando de temas relacionados à economia brasileira, finanças e outros diversos, inclusive de caráter didáticos e de divulgação.

Resolvi fazer um balanço dos posts publicados até aqui e é o que compartilho com vocês neste re-início de atividades.

Posts sobre a economia brasileira:
Posts relacionados à finanças:
Posts didáticos:
Posts de divulgação:

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Liberdade na era digital

Este é o tema do XXIV Fórum da Liberdade, edição 2011.

Conecte-se ao Fórum da Liberdade 2011!

Veja as opções abaixo e escolha uma das formas disponíveis.

1) Siga o blog do Fórum da Liberdade 2011


2) Siga o Fórum da Liberdade 2011 pelo Twitter

O link é http://twitter.com/#!/fliberdade. Basta você clicar em seguir (follow) e pronto. No Twitter você vai ler sobre assuntos que não estarão no blog, com entradas mais curtas e links para diversos assuntos relacionados. Os links para os posts do blog também aparecerão no Twitter.

3) Acompanhe o Fórum da Liberdade 2011 pelo Facebook

Voltada para os usuários do Facebook, bastando clicar em "Like" ou "Curtir" na página do blog. O link é http://www.facebook.com/pages/Forum-da-Liberdade/101102943299198?v=wall. Os links para os posts do blog também aparecerão no Facebook.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Série Questões ANPEC

Minha amiga Cris Schmidt organizou uma coletânea de questões resolvidas da ANPEC, elaborada por uma equipe de professores formados na EPGE/FGV-RJ, entitulada "Série Questões ANPEC", com 4 volumes: Estatística, Macroeconomia, Matemática e Microeconomia.

"Eis que é publicada a maior coletânea de livros preparatórios para o exame da ANPEC. Fica aí a dica para os alunos que desejam fazer mestrado nas melhores escolas de economia no país. É a série Questões ANPEC. Os livros trazem a resolução detalhada de todas as questões desde 2002, incluindo o Exame ANPEC 2011."


Comentário extraído do Blog do Cristiano M. Costa.


Clique na foto para entrar no site da Campus/Elsevier.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O uso do FGTS para compra de ações da Petrobrás

Desde 2000 havia uma grande expectativa, por parte dos trabalhadores, em utilizar parte de seus recursos do FGTS para compra de mais ações da Petrobrás. A Petrobrás conseguiu comprar da União (diga-se de passagem, sem licitação) o direito de explorar até 5 bilhões de barris de petróleo e gás natural em áreas ainda não concedidas da camada do pré-sal. Para tanto precisará de recursos, não somente para pagar à União, como também para investir em tecnologias e estabelecer as condições necessárias para tal exploração. A empresa optou por capitalizar-se através da emissão de novas ações, o que poderá chegar a US$ 65 bilhões.


Esta capitalização da Petrobrás vem sendo acompanhada de muitas incertezas, o que tende a se refletir em uma volatilidade ainda maior dos papéis da empresa, que em 2010 acumula uma desvalorização (até o dia 22 de setembro) de 28% em suas ações ordinárias e em suas ações preferenciais. Desse modo, apesar de ser tentador aos trabalhadores migrarem seus recursos do FGTS para a aquisição de ações da Petrobrás, com o propósito de alcançar rentabilidade superior aos 3% oferecidos pelo FGTS, vale lembrar que estarão sujeitos aos riscos desta capitalização, o que pode resultar em uma rentabilidade negativa dos recursos transferidos do FGTS para a aquisição de novas ações da Petrobrás em determinados intervalos de tempo.

A análise correta a ser feita pelo trabalhador deve considerar a expectativa de valorização das ações até o momento do saque. Se a rentabilidade esperada superar a rentabilidade do FGTS (que mal acompanha a taxa de inflação) então o investimento vale à pena. Assim sendo, todo cuidado é pouco para os que pretendem utilizar parte de seus recursos do FGTS no curto e médio prazo, pois entre outros fatores, devemos lembrar que ainda há vestígios da crise internacional que pode influenciar o preço do barril de petróleo e, desse modo, inviabilizar a exploração e a produção de petróleo na camada pré-sal.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Austeridade fiscal à vista?

Este é o título de minha primeira matéria como articulista e especialista do Instituto Millenium, como contribuição para as discussões na semana do Dia Livre de Impostos.

Confiram a matéria completa:

http://www.imil.org.br/artigos/austeridade-fiscal-a-vista/

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Política monetária contracionista

Após um longo período de estabilidade na taxa básica de juros, o Copom ( (Comitê de Política Monetária) do Bacen (Banco Central), decidiu pela elevação de 75 pontos-base da taxa básica de juros (taxa Selic) ao final da reunião desta quarta-feira (28/abr), sinalizando um tom mais agressivo do que o esperado pela maioria dos analistas.
Foi sobre isto que escrevi na minha coluna no GuiaInvest, avaliando os impactos desta medida tanto no tocante ao combate à inflação quanto em relação às possíveis realocações de portfólio.

sexta-feira, 12 de março de 2010

ETF´s no Brasil: puzzle?

Há duas semanas atrás, no final de fevereiro eu escrevi um post sobre o lançamento de novas ETF´s pela iShares, na BM&F-Bovespa. Um dos leitores do Blog do Cristiano M. Costa atentou para o fato de que mesmo a liquidez dos ETF’s que já são negociados a mais tempo (como o PIBB11, por exemplo) é pequena e que o quadro não parece que ía mudar com os novos lançamentos.

A liquidez de um ativo está associada à velocidade na qual o mesmo pode vir a ser transformado em numerário. Assim, quanto maior forem as negociações de um determinado ativo, mais rapidamente tende a ser acatada uma ordem de venda, quando a mesma estiver muito próxima do preço cotado a mercado.

No mercado norte-americano as ETF´s possuem liquidez considerável, mas aqui no Brasil o mesmo não está ocorrendo, o que sugere um puzzle a ser estudado... ou talvez não!

A minha dúvida está baseada na conversa que tive com alguns colegas, muitos dos quais bastante familiarizados com o mercado financeiro. Conversando com eles a respeito das ETF´s recém lançadas, descobri que muitos não sabiam do recente lançamento de ETF´s pela iShares. Mesmo os que conhecem o que são os ETF´s se mostraram pouco familiarizados com as características dos fundos que são negociados na BM&F-Bovespa, com exceção, naturalmente, do PIBB11.

Os brasileiros estão se familiarizando a cada dia mais e mais com os investimentos diretos em ação, mas pode ser que esta pequena liquidez nos ETF’s seja um sinal de que ainda há um longo caminho a ser percorrido, sobretudo no tocante à divulgação de novos produtos - um outro exemplo foi o fracasso do POP- pois tais fundos (que são bem diversificados e perseguem benchmarks conhecidos) deveriam ser o caminho natural para os que operam com volumes pequenos na BM&F-Bovespa.

Este post também foi publicado no Blog do Cristiano M. Costa, em 12/03/10.

Paulo C. Coimbra.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Novos ETF´s da família iShares

ETF, sigla de Exchange Traded Fund (ETF) - também conhecidos como trackers-, são fundos de investimentos que buscam acompanhar a rentabilidade de um índice de referência e possuem a característica ímpar de terem suas cotas negociadas em Bolsa, como se fossem ações de uma empresa. Desde esta última terça-feira, 23/02, a BM&FBOVESPA iniciou, as negociações com as cotas de três novos fundos de índice da família iShares: iShares Índice Brasil IBrX-100 (BRAX11), iShares Índice BM&FBOVESPA de Consumo (CSMO11) e iShares Índice BM&FBOVESPA Imobiliário (MOBI11). (AQUI)

Informações detalhadas sobre os seis ETF´s da família iShares podem ser encontradas (AQUI) .

O ETF negociado a mais tempo é o PIBB (Papéis de Índice Brasil Bovespa), (PIBB11), lançado em 2004 pelo BNDES. Mais detalhes podem ser encontrados (AQUI) .

Um pequeno investidor tem, com estes sete ETF’s disponíveis, mais possibilidades de diversificação nos seus investimentos, ainda que disponha de poucos recursos. Tal pode ser feito através de diferentes combinações de alocações dos recursos entre estes ETF’s, considerando o volume de recursos destinado às aplicações em ações, visando uma determinada composição de carteira desejada, o que não é difícil, uma vez que a composição das carteiras de cada um destes fundos são divulgadas periodicamente.

Este post também foi publicado no Blog do Cristiano M. Costa, em 25/02/10.

Paulo C. Coimbra.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

“Hedge” de uma carteira de ações.

Os últimos acontecimentos nos conduzem à uma grande questão:

Será que, nos últimos dias, a Bovespa-BM&F está atravessando uma correção ou está entrando numa fase de realização?

Não há dúvidas de que os fundamentos da nossa economia estão bem solidificados e que o Brasil se destaca entre os países que mais rapidamente saíram da crise. Tais condições favoráveis motivaram investidores nacionais e estrangeiros a comprarem ações das nossas empresas. Devemos ressaltar, no entanto que o fato de quase termos alcançando o topo histórico deveu-se exatamente às expectativas favoráveis em torno da recuperação da economia internacional, com destaque para a nossa economia e de outros países emergentes (Rússia, China e Índia). A bolsa funciona assim, antecipa o que está por vir, e as expectativas destacadamente favoráveis da nossa economia acabaram impulsionando os preços de muitas ações para níveis superiores aos que seriam compatíveis com todo esse otimismo. Quando isto ocorre, qualquer notícia que possa ameaçar essa expectativa favorável pode desencadear algumas realizações, o que pode ocorrer por alguns pregões, e fazer uma correção natural dos preços, ou então se estender por um período mais longo, resultando em quedas mais acentuadas - superiores a 20% - em um curto espaço de tempo.

Muitos investidores, tais como administradores de carteira, fundos de pensão, seguradoras ou mesmo investidores individuais, mantém carteiras de ações com perspectivas de longo prazo e não se desfazem de suas posições mesmo em períodos de realizações. O que eles fazem, neste caso, é “hedgear” a carteira de ações. Existem diversos instrumentos que podem ser utilizados, tais como vendas cobertas de opções, otimização de carteiras utilizando-se de betas conservadores, etc... Na matéria que escrevi hoje na minha coluna sobre Derivativos, no InfoMoney, discuti sobre o mais nobre dentre todos os instrumentos de “hedge” de uma carteira de ações: o financiamento de uma carteira de ações através da venda de contratos do Ibovespa futuro.

Trata-se de uma operação que permite pré-fixar a rentabilidade de uma carteira de ações de modo tal que, independente do Ibovespa subir ou cair, obtém-se uma rentabilidade dada, o que deixa claro que montar o “hedge” de uma carteira de ações através da venda de contratos futuros do Ibovespa é uma boa operação quando há a expectativa de realização no mercado, mas não quando há uma expectativa de alta nos preços das ações, uma vez com a pré-fixação da rentabilidade limitam-se os ganhos desta carteira.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Poupança vs DI: um duelo à parte em 2010.

Ao longo de 2009 o governo promoveu sucessivos cortes na taxa básica de juros, a taxa SELIC, o que acabou resultando, sobretudo a partir do segundo semestre, em elevações nas captações líquidas da caderneta de poupança, por um lado, e em quedas nas captações líquidas dos fundos referenciados DI, por outro lado.

Considerando as captações líquidas nos 6 primeiros dias úteis de 2010 (até o dia 11/01), temos que todos os fundos de investimentos captaram liquidamente R$1,856 bilhão, sendo que as retiradas ultrapassaram os depósitos em R$ 5,059 bilhões nos fundos multimercados e os fundos referenciados DI lideram as captações líquidas no setor, com R$ 2,500 bilhões.

Nos mesmos 6 primeiros dias úteis a captação liquida da poupança foi de R$3,602 bilhões o que representa quase o dobro da captação líquida de toda a indústria de fundos e mais de 40% acima da captação líquida dos fundos referenciados DI.

Enquanto a taxa SELIC se mantiver próxima dos 8,75% a caderneta de poupança continuará sendo um investimento que irá competir diretamente com os fundos referenciados DI. Foi sobre isto que escrevi na minha primeira matéria no Guia Invest (AQUI).

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A tese do descolamento

A julgar pelos dados de mercado (Do InfoMoney, AQUI) poderíamos acreditar que definitivamente o Ibovespa está se descolando dos índices de Wall Street (Dow Jones e S&P 500).

Uma análise mais cuidadosa, porém, nos leva a crer que uma combinação de fatores pode, na realidade, justificar as discrepâncias nos desempenhos nas duas bolsas, colocando em xeque a tese de descolamento.

Eu e o Cristiano M. Costa escrevemos um post sobre o assunto. Cada um no seu quadrado:

Paulo C. Coimbra

O primeiro e mais importante fator que observamos até aqui (e que devemos continuar observando) é o fato de que a recuperação das economias se deu de forma mais lenta nos países desenvolvidos e mais rápida nos países emergentes, com destaque para os países asiáticos.Outro fator, observado até o final do terceiro trimestre foram as amplas políticas de incentivo de consumo, tanto lá fora como aqui, o que contribuiu para um aquecimento das economias. Nos EUA os programas de estímulo de troca de carro (que se encerrará em novembro) e de incentivo às hipotecas para os que ainda não tinham se beneficiado deram um fôlego extra à economia, embora não conseguissem implusionar a economia para um forte recuperação, mas apenas antecipar parte do consumo. No Brasil os incentivos via reduções de impostos para a aquisição de carros e eletrodomésticos da chamada linha branca, também estão próximos do seu fim e também promoveram uma antecipação no consumo (as vendas de carro, por exemplo, foram recordes no mês de setembro).

Se levarmos em consideração que boa parte do consumo nos EUA já foi antecipado e somando-se à isso estamos verificando que as taxas de emprego por lá estão crescendo, então podemos esperar uma recuperação mais lenta, que cedo ou tarde se refletirá num ajuste das cotações em Wall Street. A volatilidade da bolsa brasileira deverá elevar-se nos próximos meses e um possível ajuste nos preços em Wall Street poderá repercutir sob a forma de uma realização mais forte no Ibovespa, num primeiro momento, mas é possível que logo a seguir a Bovespa volte a apresentar uma recuperação mais forte, e aí sim poderemos começar a pensar em defender a tese de descolamento.

Não podemos perder o foco das atenções com relação à questão da taxa de juros, que mundo afora encontra-se nos menores patamares históricos e que vem impulsionando os fluxos de capitais em direção à renda variável, o que em muito beneficiou a Bovespa. Na contramão, o Brasil esbarra em limites em sua taxa de juros, atualmente aos 8,75% a.a., devido sobretudo à possibilidade de perda de competitividade dos títulos frente à poupança, cuja rentabilidade é garantida por lei e até então tem se mostrado intocável, a despeito dos anuncios de mudanças - o que poderá atrair parte dos investidores diante de uma incerteza provocada por uma volatilidade na Bovespa, dado o seu destaque ante as demais alternativas de investimento de renda fixa.

Isso afetaria o financiamento da dívida pública e se repercutria de forma negativa na economia como um todo, o que poderia comprometer a tese do descolamento. Apenas para se ter uma idéia de que essa possibilidade não é de todo descartada, dados divulgados ontem mostram que a captação líquida de recursos na poupança nos três primeiros trimestres de 2009 foi de R$15,7 bilhões, enquanto que a captação líquida de recursos nos fundos de ações, no mesmo período, foi inferior a R$1 bilhão (R$ 916 milhões).

Cristiano M. Costa

Eu concordo com o Paulo C. Coimbra quando ele afirma que a velocidade de recuperação será maior no Brasil. Acrescente um quadro de eleições e assuma que a transição na presidência do BC será tranquila e temos um cenário de forte crescimento econômico, leia-se PIB, em 2010 e 2011.

Uma análise fundamentalista suporta o descolamento para muitas empresas nacionais que vão se beneficiar com a elevação do preço de algumas commodities. Além disso, o volume de recursos que está entrando no Brasil, deve garantir um câmbio nos patamares atuais. Permitindo o descolamento em dólares (perspectiva do investidor estrangeiro). Em dólares, o descolamento é grande.

Em algum momento o descolamento acaba. Esse é o grande ponto. Ele pode acabar de duas formas: uma queda do Ibovespa / desvalorização do Real ou com um crescimento nas bolsas americanas maiores do que do mercado brasileiro.

A primeira alternativa necessitaria de uma notícia muito ruim sobre a economia brasileira ou internacional. As principais fontes seriam uma crise política, um transição complicada no BC, ou uma segunda queda das bolsas mundo afora. Cenários bem improváveis no meu ponto de vista.

Já a segunda alternativa só seria possível com a retomada do crescimento americano. Neste caso, ambos os mercados cresceriam, mas o retorno do capital para os EUA implicaria em um menor crescimento do Ibovespa e um valorização do dólar, eliminando o descolamento em dólares.

Não podemos descartar um movimento totalmente financeiro, de realização de lucros seguida de reentrada como o Paulo C. Coimbra sugeriu. Seria um movimento totalmente de estratégia de curto prazo, e não vejo fundamentos sólidos que levem nesta direção.

E você leitor? Acredita no descolamento do Ibovespa?

Notas:

(1) Cristiano M. Costa é doutorando em economia na University of Pennsylvania (EUA).

(2) Este post também foi publicado no Blog do Cristiano M. Costa.