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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pré-sal vs poupança

No acumulado do ano, até o dia 02 de setembro de 2009, a caderneta de poupança registrou uma captação líquida de R$ 14,5 bilhões, enquanto que os fundos de curto prazo, referenciados DI e de renda fixa, juntos, acumulam no mesmo período uma captação líquida de R$ 9,9 bilhões.

Um ponto importante a ser observado é que estas informações refletem o comportamento do mercado até o dia em que foi anunciada a última decisão do Copom sobre a taxa de juros, que decidiu manter a taxa SELIC em 8,75% a.a., conforme esperavam a maioria dos analistas, de acordo com o boletim Focus, publicado semanalmente pelo BACEN. Devemos ressaltar que, de acordo com os mesmos analistas reportados, a expectativa é de que a taxa SELIC não se altere até o final do ano e que suba 0,5 ponto percentual até fins de 2010.

É interessante notar que até o presente momento nenhuma medida foi tomada pelo governo, no sentido de manter a atratividade dos fundos de investimento, como, por exemplo, reduzir a tributação sobre os fundos. Não podemos esquecer das dificuldades que o governo irá enfrentar quando desejar vender seus títulos públicos e também do fato de que a queda na captação líquida dos fundos de perfil mais conservador só não foi maior graças aos esforços das instituições que os administram, no sentido de reduzirem as taxas de administração.

Considerando que os trabalhos da Câmara dos Deputados estão interrompidos, por conta do regime de urgência constitucional, para a análise das propostas ligadas ao pré-sal (o que é previsto de ocorrer em 45 dias, mas que está sendo negociado para se estender por 60 dias), fica difícil acreditar que haverá tempo hábil para uma discussão ampla sobre as propostas de alterações na caderneta de poupança, que devem ser votadas até o final do ano, para poderem ser implementadas a partir do início de 2010.

Este post foi simultaneamente publicado no Blog do Cristiano M. Costa.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Poupança vs renda fixa

Este post foi originalmente publicado em 29/07/09, no Blog do Cristiano M. Costa e está reproduzido na íntegra aqui.

Em sua última reunião, realizada na semana passada, o colegiado do COPOM decidiu dar seqüência à redução da taxa básica de juros da economia, a taxa Selic, que passou a ser de 8,75% a.a. (após um corte de 0,5 ponto percentual). Tal redução veio a encontro das expectativas do mercado (tomando-se por base as pesquisas Focus, que são divulgadas semanalmente pelo BACEN).

De acordo com a última pesquisa, a expectativa do mercado é que o ciclo de reduções na taxa Selic (iniciado em janeiro deste ano) venha a ser interrompido a partir da próxima reunião, a despeito do fato de que a expectativa para a inflação em 2009, de acordo com o IPCA, se situe muito próxima do centro da meta de inflação (4,5% a.a.), o que sugere que seria perfeitamente possível ocorrerem novos cortes da taxa Selic e ainda assim atingir a meta de inflação (que é de 4,5% a.a. +/- 2 pontos percentuais).

Um dos trade-offs evidentes está em tolerar-se uma possível elevação da taxa de inflação (ainda que dentro da meta) em troca de um estímulo extra para a atividade econômica. Ressalte-se que diversas outras medidas, além de redução na taxa básica de juros, estão sendo tomadas, sobretudo no âmbito fiscal. Avaliar os prós e contras das combinações de todas as medidas de estímulo à economia será uma das principais pautas das próximas reuniões do COPOM.

Há três semanas atrás escrevemos um post no qual discutimos sobre o impacto positivo da redução na taxa Selic na captação líquida de recursos investidos na poupança. A captação líquida de recursos investidos na poupança (depósitos menos retiradas) até o dia 23/07 foi de R$4,3 bilhões, sendo que o saldo total de depósitos atingiu a marca de R$287,7 bilhões. Quando consideramos “igual período” no mês de junho (por “igual período”, leia-se: mesmo número de dias úteis) verificamos que houve uma captação líquida negativa de recursos investidos na poupança de R$ 269 milhões, quando o saldo total de depósitos registrou R$279,6 bilhões.

Considerando-se que o número de dias úteis em julho é maior do que em junho, e considerando-se que a informação da última redução da taxa Selic foi digerida ao longo da quinta-feira, 23/07, não seria surpresa se a captação líquida de recursos investidos na poupança fechar o mês de julho próxima (ou superior) a R$7 bilhões, o que seria como uma evidência forte de que a poupança está ganhando forças especialmente entre os novos investidores.

A questão da migração de recursos oriundos de alternativas de investimento com perfil de risco semelhante, sobretudo os fundos de investimento, passa por uma discussão mais ampla, em que devemos considerar a cobrança de alíquotas de impostos, que variam segundo as modalidades, e que estão assegurando parte da inércia dos investidores dos fundos. Podemos esperar alguma medida por parte do governo na mesma direção de reduções das alíquotas dos fundos de investimento que, combinadas com as reduções nas taxas de administração (de iniciativa dos administradores dos fundos), visem impedir uma migração de recursos destes fundos para a poupança (que, entendemos que poderia ocorrer com relação a recursos inferiores a R$50.000,00, enquanto não forem definidas, de fato, as novas regras da poupança para o exercício de 2010).