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sexta-feira, 12 de abril de 2019

Ganhos em operações a "seco" da compra de put da Petrobrás

Este post, de caráter apenas didático - bastante relacionado a um post recente (AQUI) - tem o propósito de ilustrar a possibilidade de um ganho extraordinário no mercado de opções (neste caso, opções de venda) envolvendo a compra a "seco" de opções de venda (puts) sobre ações que estão muito "fora do dinheiro". É bom lembrar e ressaltar que esta é uma das operações mais arriscadas para os investidores no mercado de opções (embora a perda máxima esteja restrita ao montante investido). Portanto, nem de longe estaria sendo considerada como uma possibilidade de investimento. Post didático.

No jargão do mercado de opções, a expressão "seco" refere-se à situação em que uma put é adquirida sem quaisquer travas que possam limitar as eventuais perdas caso ocorra uma revés na cotação da ação subjacente (que deixaria o trader em uma exposição bastante desfavorável). Por sua vez a expressão "fora do dinheiro" é uma referência que se faz às puts cujos preços de exercício são inferiores ao preço da ação subjacente no momento em que são adquiridas. Diversos fatores estão por trás do preço (prêmio) de uma put: o preço da ação subjacente, o preço de exercício, o tempo que falta para o vencimento (quando a opção é expirada e a partir de então perde o seu valor), a taxa de juros livre de risco e a volatilidade implícita do preço das ações subjacentes. Os modelos teóricos de apreçamento de puts (destacadamente o modelo Black-Scholes) baseiam-se não apenas nestes fatores mas também em probabilidades que estão relacionadas ao preço da ação subjacente. Quando se adquire uma put muito "fora do dinheiro", paga-se um preço muito baixo e em contrapartida a probabilidade de que o trader venha a alcançar ganhos significativos é muito baixa. Por isto muitos comparam (com razão) a compra a "seco" de puts muito "fora do dinheiro" a jogos de azar. De fato, como já foi mencionado no início deste post, não é nada recomendável a compra a "seco" de puts muito "fora do dinheiro". Mas existem algumas raras ocasiões em que a compra a "seco" de uma put "fora do dinheiro" pode propiciar uma exposição menor ao risco da posição. Tal foi o que ocorreu no pregão desta sexta-feira, 12 de abril de 2019, em que as ações da Petrobrás chegaram a cair mais de 8% (ao final do dia as ações registraram queda de 7,75%, passando de R$28,00 do fechamento da véspera para R$25,83 do fechamento de hoje), uma reação do mercado à suspenção do reajuste do diesel de 5,74%, anunciado ontem à tarde pela Petrobrás.

Tal movimento prociciou a oportunidade de ganhos de até 2.525% em operações envolvendo a compra a "seco" de puts sobre PETR4 "fora do dinheiro". Este ganho máximo foi propiciado pela compra de PETRP274, que na véspera (11/04/2019) fechou cotada a R$0,04 por ação (com vencimento em 15/04/2019, preço de exercício de R$ 26,75 e que é do tipo Europeia - i.e. pode ser exercida até a data de vencimento - e exatamente hoje encerram-se as operações deste papel) caso tivesse sido vendida ao preço máximo de R$ 1,05, alcançado hoje (12/04/2019). 

Se aquela moça que disse que tinha R$1.520,00 há 3 anos atrás tivesse aplicado em ações, e conseguisse uma taxa de 9,5% a.m., então teria ontem perto de R$40.000,00 e se lhe fosse possível alocar estes recursos na compra desta opção de venda no fechamento de ontem alcançaria, na máxima de hoje, R$1.050.000,00.

A Figura abaixo ilustra o payoff teórico, para o fechamento do dia 11 de abril de 2019 (ontem), desta put (PETRP274) baseado no modelo Black-Scholes (linha pontilhada em azul) e o payoff na data do vencimento, 15 de abril de 2019 (linha cheia em vermelho). Os parâmetros utilizados foram: preço de exercício igual a 26.75, tempo que falta para o vencimento igual a 5 dias, taxa de juros livre de risco (taxa Selic) igual a 6,5% e volatilidade implícita do preço da PETR4 igual a 30%.


Elaborado por Paulo C. Coimbra a partir de dados divulgados pela B3 e pelo Bacen.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Um hipotético stradle às vésperas da queda do Facebook


A maior queda registrada em uma empresa negociada em bolsa de valores (em termos absolutos) ocorreu nesta última quinta, 26/07/2018. O Facebook registrou perdas de US$ 119,3 bihões, em decorrência dos resultados financeiros apresentados para o segundo trimestre. As ações caíram de US$ 217.50 para US$ 176.26 (ou 18,96%). Para se ter uma ideia aproximada do que esse valor representa, o valor de mercado da Petrobras está avaliado em US$ 74,5 bilhões! Uma das notícias mais alardeadas em função desta queda, foi a perda de US$ 15.4 bilhões de seu fundador e CEO, Mark Zuckerberg, que perdeu duas posições entre os mais ricos do mundo, passando ao 6o lugar com US$ 67.1 bilhões.

Mas, há que se observar o importante fato de que nesta sexta (27/07/2018) ocorrerá vencimento no mercado de opções. Um hipotético investidor que tivesse comprado nas proximidades do fechamento de quarta-feira (25/07/2018) opções de compra do Facebook com preço de exercício de US$ 215.00, pagando por elas US$ 7.65 por opção teria, ao final do pregão da quinta-feira (26/07/2018) apenas US$ 0.01 por cada opção (o que corresponde a uma desvalorização de 99,87%). Por outro lado, um hipotético afortunado que tivesse comprado opções de venda do Facebook com preço de exercício de US$ 185.00 por opção pagando a bagatela de US$ 0.13 por opção se deparou com incríveis 6.745,15% a mais em 24 horas, que passou a valer, no fechamento desta quinta US$ 8.90!

Para se ter uma ideia mais razoável do que estes números representam, consideremos os dados de fechamento desta quarta-feira (25/07/2018) e quinta-feira (26/07/2018) e suponhamos que um hipotético investidor dispusesse de cerca de US$ 21,750.00 na quarta-feira… Se tivesse comprado 100 ações do Facebook, teria acompanhado Zuckerberg e perdido 18,96% em 1 dia, passando a US$ 17,626.00 na quinta-feira. Mas, se ao invés disso tivesse utilizado os mesmos recursos e montado um stradle (que consiste na compra de opções de compra e na compra de opções de venda com mesmo preço de exercício) com preço de exercício de US$ 215.00, isto teria lhe custado US$ 12.27 por cada par de opções (as opções de compra poderiam ter sido adquiridas no fechamento por US$ 7.66 enquanto as opções de venda por US$ 4.61). Se fosse possível utilizar os mesmos US$ 21,750.00 (na realidade US$ 21,742.44) ele poderia ter comprando 1.772 opções de compra e outras 1.772 opções de venda na quarta e então, na quinta, o stradle estaria valendo US$ 38.86 (nesta quinta, as opções de compra passaram a valer US$ 0.01 e as opções de venda passaram a valer US$ 38.85), ou seja, US$ 68,867.48 (ganho de 216,63%)! Digamos que é como se tivesse trocado (nos EUA) um Jeep Compass - modern adventure por um BMW M3… nada mal, não é?! Assim é o mercado financeiro… tristezas de uns e alegrias de outros!






quinta-feira, 3 de março de 2011

Sobre mercados de opções

Este post tem o propósito de organizar o que já escrevi sobre mercados de opções. Contém artigos de minha coluna sobre derivativos na InfoMoney e posts publicados neste blog.

Alguns posts didáticos sobre mercados de opções publicados neste blog:
Posts sobre mercados de opções publicados na InfoMoney:
Outros posts sobre mercados de opções publicados neste blog:

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Algumas estratégias com opções

A idéia básica de se combinar opções é a de tentar, simultaneamente, controlar o tipo de risco e a alavancagem dado o que se antecipa que serão os movimentos de mercado dos preços dos ativos. Eis algumas destas estratégias.

1 - Call Bull Vertical Spread: compra de uma opção de compra com um preço de exercício K1 e venda de uma outra opção de compra com preço de exercício K2 e com K2 > K1.

2 - Call Bear Vertical Spread: venda de uma opção de compra com um preço de exercício K1 e compra de uma outra opção de compra com preço de exercício K2 e com K2 > K1.

3 - Call Butterfly Spread: é uma combinação das estratégias anteriores e é constituída da compra de uma opção de compra com preço de exercício K1, compra de uma outra opção de compra com preço de exercício K3, venda de duas opções de compra com preço de exercício K2, K3 > K2 > K1. Tal estratégia reflete o fato de que o investidor não espera uma volatilidade no entorno do preço de exercício K2.

4 - Put Bull Vertical Spread: compra de uma opção de venda com um preço de exercício K1 e venda de uma outra opção de venda com preço de exercício K2 e com K2 > K1.

5 - Put Bear Vertical Spread: venda de uma opção de venda com um preço de exercício K1 e compra de uma outra opção de venda com preço de exercício K2 e com K2 > K1.

6 - Put Butterfly Spread: é uma combinação das estratégias anteriores e é constituída da compra de uma opção de venda com preço de exercício K1, compra de uma outra opção de venda com preço de exercício K3, venda de duas opções de venda com preço de exercício K2, K3 > K2 > K1.

7 - Botton Stradle: consite na combinação da compra de uma opção de compra e compra de uma opção de venda, ambas com o mesmo preço de exercício.

8 - Top Stradle: consite na combinação da venda de uma opção de compra e venda de uma opção de venda, ambas com o mesmo preço de exercício.

9 - Botton Vertical: consite na combinação da compra de uma opção de compra com preço de exercício K1 e compra de uma opção de venda com preço de exercício K2, com K2 > K1.

10 - Top Vertical: consite na combinação da venda de uma opção de compra com preço de exercício K1 e venda de uma opção de venda com preço de exercício K2, com K2 > K1.

11 - Botton Strangle: consite na combinação da compra de uma opção de compra com preço de exercício K1 e compra de uma opção de venda com preço de exercício K2, com K2 < K1.

12 - Top Vertical: consite na combinação da venda de uma opção de compra com preço de exercício K1 e venda de uma opção de venda com preço de exercício K2, com K2 < K1.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Não arbitragem com calls e puts (parte III)

Proposição: Relação de Paridade entre Opções de Compra e Opções de Venda
Considere uma ação que não irá pagar dividendos antes da data T. Suponha que existam duas opções do tipo europeu sobre esta ação, uma de compra (com preço c) e outra de venda (com preço p), ambas com a mesma data de vencimento T, e o mesmo preço de exercício, K.
Então: c +K e−rT − p − S0 = 0

Prova: Consideremos uma carteira composta de quatro ativos: um título, uma ação, uma opção de compra sobre esta ação e uma opção de venda sobre esta ação.

.t=0t=Tt=T
Operação.ST<>ST≥K
Compra de uma call-c0ST-K
Compra de um título com payoff K em t = T-Ke^(-rT)KK
Venda de uma putp-(K-ST)0
Venda a descoberto de uma açãoS0-ST-ST
Total−c−Ke^(−rT)+p+S000

Dado que a estratégia possui payoffs futuros que são nulos, não importando o que aconteça com o preço da ação, segue-se que o fluxo de caixa inicial da estratégia deve também ser igual a zero.

Portanto, c + K e−rT − p − S0 = 0

Q.E.D.