segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Compra a "seco" de calls

A compra a “seco” de opções de compra (calls) sobre ações que estão muito “fora do dinheiro” está entre as operações que mais conduzem às perdas dos traders no mercado de opções. A expressão “seca” refere-se à situação em que a call é adquirida sem quaisquer travas, que possam limitar as perdas, caso ocorra um movimento bastante desfavorável no preço das ações subjacentes. Por sua vez a expressão “fora do dinheiro” é uma referência às calls cujos preços de exercício são superiores ao preço da ação subjacente no momento em que são adquiridas.

Diversos fatores estão por trás do preço de uma call (prêmio): o preço da ação subjacente, o preço de exercício, o tempo que resta até o vencimento (quando a opção é expirada e a partir de então perde o seu valor), a volatilidade do preço das ações e a taxa de juros. Os modelos teóricos de apreçamento de calls (destacadamente o modelo Black-Scholes e o modelo Binomial, de Cox, Ross e Rubinstein) baseiam-se não apenas nestes fatores mas também em probabilidades e estatísticas que estão relacionadas ao preço da ação subjacente.

Quando se adquire uma call muito “fora do dinheiro”, paga-se um preço muito baixo, porém a contrapartida é que a probabilidade de que se alcance ganhos significativos é muito baixa. Por isto muitos comparam (com razão) calls muito “fora do dinheiro” a jogos de azar. De fato não é nada recomendável a compra de calls muito “fora do dinheiro”.

Existe, porém uma situação em que a compra a “seco” de uma call pode propiciar uma oportunidade mais vantajosa (sob vários aspectos) do que a compra das ações subjacentes e que por isso merece atenção. Refiro-me à compra a “seco” de calls muito “dentro do dinheiro”, que como a analogia sugere, tratam-se de calls cujos preços de exercício são muito inferiores ao preço da ação subjacente no momento em que são adquiridas. Foi exatamente sobre compra de calls muito “dentro do dinheiro” o assunto que abordei no meu primeiro artigo como colunista na InfoMoney, em 21/07/09. Confiram a matéria AQUI.

A primeira versão deste post foi publicada no Blog do Cristiano M. Costa, em 22/07/09.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Mercado futuro

Nos mercados futuros negociam-se direitos sobre alguma mercadoria ou objeto financeiro. No Brasil, dentre as mercadorias negociadas destacam-se soja, café, milho e boi gordo enquanto que dentre os ativos financeiros há destaque para os contratos de DI 1 dia, dólar e Ibovespa.

Visando popularizar os mercados futuros, o segmento BM&F disponibilizou também minicontratos de alguns desses ativos, como, por exemplo, o Ibovespa e o dólar, que diferem dos contratos usuais pelo tamanho dos contratos, correspondendo a um percentual dos respectivos contratos padrões.

A utilização de mercados futuros como proteção, ou hedge, tem papel de destaque no tocante às modalidades de futuros de mercadorias. Por exemplo, um pecuarista pode estar preocupado com fatores que podem conduzir a uma queda no preço futuro do gado no momento em que se pretende comercializá-lo, que pode ser tal que leve a um prejuízo na sua produção considerando-se todos os custos e riscos envolvidos. Assim, ele poderia vender contratos futuros de boi gordo visando se proteger ante a uma eventual perda decorrente da queda na cotação futura R$/@ (uma arroba corresponde a 30 kgs). Os contratos futuros de boi gordo são negociados mensalmente sendo que a data de vencimento corresponde ao último dia útil do mês de vencimento. O tamanho do contrato é de 330 @. Desse modo, o volume de cada contrato é dado por R$/@ x 330. Ou seja, cada variação de R$1,00 na cotação do contrato futuro de boi gordo corresponde a R$ 330,00 por contrato.

A operacionalização nos mercados futuros se dá através da utilização de margens, que essencialmente são um percentual do valor da operação e que são utilizadas como um mecanismo que oferece garantias de que os compromissos serão honrados. As margens definem o grau de alavancagem em um determinado mercado e variam de acordo com as mercadorias e ativos financeiros, de modo a refletirem os riscos associados.

Por exemplo, suponha que em 11/08/2009 um hedger tenha vendido um contrato futuro de boi gordo ao último preço cotado do contrato com vencimento em outubro (R$ 83,40/@). Assim o volume financeiro resultante da venda de um contrato teria sido de R$25.522,00. Por se tratar de um valor que virá a ser recebido no futuro, i.e., a cotação poderá estar abaixo (o que daria lucro para o vendedor) ou acima (acarretando em prejuizo para o vendedor), uma margem inicial é então requerida, que no caso seria de R$ 965,11 por contrato, o que significa uma alavancagem de 1 para 28,5. Ao final de cada pregão, a BM&F determina o preço de ajuste para cada contrato em aberto, sobre o qual será feito o ajuste diário de todas as posições. O valor do ajuste diário (ADt), se positivo, é creditado ao titular da posição compradora e debitado ao titular da posição vendedora. Caso o valor seja negativo, será debitado ao comprador e creditado ao vendedor.

O ajuste diário das posições no dia em que é fechado o negócio se dá de acordo com a fórmula abaixo:

ADt = (PAt – PO) × 330 × n

onde: ADt = valor do ajuste diário;
PAt = preço de ajuste do dia;
PO = preço da operação;
n = número de contratos;

No exemplo, o preço de ajuste em 11/09/2009 foi de R$ 83,56/@, logo: ADt = (83,56-83,40) × 330 × 1= 52,8. Portanto, haveria um débito na conta margem (pois a posição é vendida), que passaria a ser (no dia 12/08) de R$ 912,31, após o ajustamento.

Já as posições em aberto se ajustam de acordo com a fórmula:

ADt = (PAt – PAt–1) × 330 × n

onde: PAt–1 = preço de ajuste do dia anterior.

Continuando o exemplo, no final do dia 12/08 a cotação de ajustamento foi de R$ 83,36. Neste caso, o ajuste será de: ADt = (83,36-83,56) × 330 × 1= -66. Portanto, haveria um crédito na conta margem, que passaria a ser (no dia 13/08) de R$ 978,31. E assim por diante...

Vale notar que o mesmo se aplica aos contratos financeiros. Por exemplo, um importador pode adquirir contratos futuros de dólar com o intuito se proteger ante a uma determinada desvalorização do real em relação ao dólar.Os iniciantes podem entrar no Simulador da BM&F, no qual recebem R$150.000,00 fictícios para participarem de um torneio que poderão ser utilizados em diferentes mercados futuros. É uma maneira divertida e prudente de ir se familiarizando com o funcionamento dos mercados futuros.

A primeira versão deste post foi publicada no Blog do Cristiano M. Costa, em 12/08/09.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sobre o Paulo C. Coimbra's Blog


Bem-vindo ao Paulo C. Coimbra's Blog!

Escolhi dar início às publicações de posts em um dia 13 de agosto, pois é o dia do economista! Neste primeiro post gostaria de desejar boas vindas aos leitores e falar um pouco sobre o blog.

A proposta deste blog é a de utilizar este espaço para discutirmos sobre os diversos fatos que afetam a economia e as finanças nacional e internacional. Volta e meia estaremos fazendo algumas digressões sobre diversos temas com o intuito de desmistificar o economês e o financês, de forma bem simples e direta.

O Paulo C. Coimbra's Blog surgiu de uma enorme admiração que eu tenho por blogs e outros veículos de comunicação na web que discutem sobre economia e finanças. Naturalmente, existe uma tendência para que os assuntos aqui tratados sejam aqueles aos quais eu possuo maior familiaridade e interesse, com especial destaque para os investimentos, sobretudo em derivativos. A idéia principal é de veicular posts de caráter explicativos e conceituais, que possam servir de base para discussões. Este blog não tem por finalidade competir com outros blogs e nem tampouco com os veículos de comunicação, que cumprem com excelência a cobertura do noticiário econômico e financeiro nacional e internacional.

Seguirei a praxe dos blogueiros sérios e sempre evitarei expor opiniões sobre assuntos que envolvam política e/ou políticos. Mas eventualmente isto se poderá se tornar inevitável, dada a grande inter-relação entre o funcionamento da economia e o papel do governo. Prometo um grande esforço no sentido de evitar julgamentos de valor, exceto quando alguma política pública for de encontro à algum princípio econômico muito básico.

Prometo também esforçar-me ao máximo para respeitar as regras básicas do Português, mas inevitavelmente cometerei erros gramaticais ou de ortografia. Deixo de ante-mão o meu pedido de desculpas.

Por fim (mas não menos importante), quero deixar bem claro que a despeito da política do blog:

i) Em vários posts sobre finanças discutiremos sobre estratégias utilizando-se para efeito ilustrativo os próprios dados de mercado. Tais exemplos serão utilizados de maneira didática e servirão apenas como ilustrações. Portanto, as informações contidas neste espaço são apenas estudos ou opiniões pessoais e não representam, de maneira alguma, recomendações de investimento, isentando o Paulo C. Coimbra's Blog de qualquer responsabilidade resultante da tomada de decisão financeira com base no conteúdo aqui apresentado; e

ii) Os direitos de propriedade intelectual do blog pertencem a "Paulo C. Coimbra's Blog", não sendo permitida a reprodução, modificação, comercialização ou distribuição deste material sem que haja uma expressa autorização. Naturalmente, referências aos posts aqui publicados - com a devida citação do autor e links para http://pccoimbra.blogspot.com - estão liberadas.

Um forte abraço a todos e sejam muito bem vindos,

Paulo C. Coimbra